domingo, outubro 24, 2010

Pelé, 70 anos.

Parabéns pelos 70 anos!
JoãoPelé completou ontem 70 anos. O fato é que nunca mais vai haver alguém parecido no futebol. É estatisticamente impossível, são incontáveis momentos raríssimos de acontecer, ainda mais todos acontecendo com uma pessoa apenas. Ele sim é um fenômeno, ele é um gênio, só ele é Pelé. A história do cara é tão fantástica que ele pode falar o que quiser, trocar às vezes os pés (e que pés) pelas mãos, que tudo bem, basta a gente assistir algum documentário, por menor que seja, que tudo fica pra trás. A vida do Edson fica separada, deixa pra lá. Sobra só a vida do jogador Pelé, escolhido o Atleta do Século passado pelo jornal francês L'Equipe em 81, ou seja, 19 anos antes do século acabar. Também foi escolhido Atleta do Século em 1999 pelo Comitê Olímpico Internacional. E pela FIFA em 2000, o Jogador do Século.
Não tem mais o que homenagear, mas não cansamos de rever os lances. Cada vez que assistimos um gol, um não-gol (muitas vezes mais sensacional que o próprio gol) podemos ver um detalhe a mais, uma maravilha que nem ele viu. Mas provavelmente planejou. Se considerarmos um quociente de inteligência motora como costumamos considerar com a inteligência mental (QI), com certeza o dele sai da escala. Na mente de Pelé a jogada se construía inteira em milésimos de segundo, e ele conseguia executar seu planejamento com uma habilidade grandiosa, construída por treinos e muito mais treinos; uma velocidade espantosa, resultante de um preparo físico exuberante (veja hoje o "garoto" com 70 anos como anda, se movimenta e com que postura); uma frieza calculista, forjada por uma vida de lutas e determinação. Habilidade, velocidade, frieza. E muita precisão. Ok, a gente pode colocar esses adjetivos em dezenas de jogadores de ontem e de hoje. Mas se juntarmos a essas características o carisma do rapaz e os momentos incríveis da vida esportiva de Pelé, se olharmos de perto tudo isso - o milésimos, a copa de 58, a de 70, as despedidas, os gols maravilhosos que ele fez e não fez, e muito mais - o cara se destaca tanto, fica tanto na frente, que é fácil concluir que nunca mais veremos outro igual.
Separei aqui dois momentos que considero muito especiais. O primeiro é o que eu acho o gol mais inacreditável que eu já vi no esporte. Sem contar que é belíssimo. Tudo começa com o time jogando solto, livre, limpo. A partida já estava ganha, já éramos tri-campeões. Aí chega nos pés do Pelé. Ele ginga, finta, parece que vai tentar mais um gol. Mas ele já sabe. Ele sempre sabe. Fica ereto, praticamente pára no tempo, ajeita o pé e rola a bola em diagonal para a direita. Sem olhar. A bola caminha reta por uns 20 metros. E Carlos Alberto, que era o capitão do time, recebe uma homenagem, não podemos dizer que aquilo foi um simples passe. Observe a mágica: no exato momento em que a bola do Pelé encontra o pé do Carlos Alberto, ela bate num montinho de grama, sei lá, e sobe uns 15 cm, na altura e no tempo exato para que o capitão pegasse a bola do jeito certo. Acho que o Pelé sabia também desse montinho... Golaço:






O segundo é o gol dele na Suécia em 58. Não podemos nos esquecer de uns detalhezinhos: o cara tinha 17 pra 18 anos. Era uma final de copa do mundo. Era contra a Suécia, na Suécia. E o moleque me faz isso aqui:





Eu poderia encher o blog de lances, histórias e fatos impressionantes. Mas encerro agora, com meus humildes desejos de feliz aniversário pro Rei do Futebol. Que os bardos da imprensa continuem cantando seus feitos para que as gerações de jogadores mercenários, gananciosos, hipócritas e arrogantes que existem por aí tenham conhecimento do que fez Pelé.

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